Fisioterapia e paliação: temos algo a fazer?
Em 2008, a dra. Moritz e demais
pesquisadores publicaram uma interessante revisão sobre o tema dentro da
realidade da terapia intensiva, relacionando os princípios fundamentais dos
cuidados paliativos dos quais destaco: “ garantir qualidade da vida e do morrer”
e “aliviar a dor e sintomas associados”.
Tendo em vista esses dois princípios
especificamente, acredito que a fisioterapia possa beneficiar e muito pacientes
sob cuidados paliativos. Em 2005, na revista brasileira de cancerologia, foi
publicada uma revisão enfatizando o papel da fisioterapia no paciente com
câncer onde destaca-se: a atuação contra os quadros álgicos; condições osteomioarticulares
adversas (contraturas, espasmos, encurtamentos, rigidez articular etc.). Acredite,
vivemos na era da mobilização.
Muitas vezes essas disfunções são
consequências não diretamente da enfermidade gatilho da paliação, mas pelo
simples fato do paciente encontrar-se mais depressivo, acamado, restrito ao
leito, imerso na tal síndrome do imobilismo. Com atuação também na dispnéia,
função tóraco-diafragma-pulmonar, e no desmame da assistência ventilatória, a
conduta fisioterapêutica deve ser estimulada.
Entretanto, cabe uma reflexão: se
o que nós fisioterapeutas no intuito dar mais qualidade no fim da vida, estamos
causando dor, desconforto ou mesmo o paciente está tão grave que o seu quadro
terminal (instabilidade latente, dor ao extremo, uso de drogas vasoativas em
doses extremas, etc.) já contra-indica qualquer abordagem, acredita-se melhor
seguir com o curso natural da vida não sendo necessário qualquer conduta.
Num estudo retrospectivo de 3
anos, com pacientes idosos graves em cuidados paliativos definidos, avaliando-se
o pós extubação dos mesmos, demonstrou-se como resultados uma sobrevida
variando de 4 minutos a 7 dias após a extubação, onde 77% dos pacientes
faleceram no hospital, e os únicos fatores
associados à morte precoce foram a pressão arterial sistólica inferior a 90
mmHg (p = 0,002) e um índice de comorbidades de Charlson desfavorável (p =
0,002 ). Entretanto destaca-se os 23% dos pacientes que extubados, receberam
alta hospitalar. Este estudo embora retrospectivo, aponta para uma vertente no
reestabelecimento da qualidade de vida, considerando inclusive um contexto
muito ousado enquanto conduta como a extubação. Em muitos locais, este tipo de paciente
pode estar sacramentado ao seu leito nos seus últimos dias, sem perspectiva de
desmame e sem ao menos ser mobilizado.
Alexandre Roque – Fisioterapeuta
Referências:
1-End
of life and palliative care in intensive care unit. Rev Bras Ter
Intensiva. 2008; 20(4): 422-428.
2-O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a
pacientes com cânce. Revista
Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 67-7.
3-How
long does (s)he have? Retrospective analysis of outcomes after palliative extubation
in elderly, chronically critically ill patients. Crit Care Med, 2016;
44:1138–1144.
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