Avaliação Clinica: Fraqueza muscular adquirida na Unidade de Terapia Intensiva
O tema de hoje acomete um número substancial de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) admitidos por causas diversas e poderão desenvolver certa forma de fraqueza conhecida como “Fraqueza muscular adquirida em UTI” que pode estar relacionada com a doença critica aguda e associada a neuropatias axonal, miopatias primárias ou ambas. A fraqueza muscular adquirida na UTI pode causar danos e apesar disso, a atuação clinica é pouco valorizada. Os mecanismos fisiológicos compreendem uma microcirculação, mecanismos elétricos, metabólicos e alterações bioenergéticas interagindo de forma complexa cursando com perda de força muscular e/ou atrofia muscular. A fraqueza muscular é tipicamente simétrica e afeta preferencialmente os músculos proximais dos membros e músculos respiratórios. Os fatores de riscos incluem a gravidade da doença no momento da admissão, sepse, falência de múltiplos órgãos, IMOBILIDADE PROLONGADA e eventos hiperglicêmicos. O uso de medicamentos como corticoides, bloqueadores neuromusculares e alguns antibióticos ainda não estão bem esclarecidos. O diagnóstico em pacientes acordados e colaborativos pode ser realizado por uma avaliação à beira do leito através da escala de força muscular do Medical Research Council (MRC), e quando a pontuação global < 48/60 está associada à fraqueza muscular adquirida na UTI. Nos casos de apresentação clinica atípica, testes eletrofisiológicos podem ser utilizados para diagnósticos diferenciais. Os pilares da prevenção é o tratamento vigoroso da sepse, MOBILIZAÇÃO PRECOCE e prevenção de hiperglicemia com insulina. Pacientes com fraqueza tem os desfechos piores e oneram os sistemas de saúde. A recuperação geralmente ocorre dentro de semanas ou meses, embora em alguns casos possa ser incompleta persistindo por até 2 anos após a alta da UTI. O prognóstico parece ainda mais comprometido quando está relacionada com a polineuropatia critica, além disso, mostrou contribuir para o aumento do risco de morte em 1 ano após alta. Pesquisas futuras devem se concentrar em novas estratégias preventivas e/ou terapêuticas para esclarecer como a fraqueza muscular contribui para mau prognóstico a longo prazo. Elucubrando os resultados encontrados ate o momento, é possível evidenciar que um dos profissionais responsáveis por minimizar os efeitos da fraqueza muscular adquirida na UTI é o fisioterapeuta, seja evoluindo a ventilação mecânica para modos espontâneos o quanto antes ou no diagnóstico e treinamento dos músculos específicos ou inespecíficos que estiverem fracos. Em particular acredito que ainda temos muito a crescer no tocante a marcadores e moduladores nesta estratégia terapêutica e um campo enorme para pesquisas. Devemos descruzar os braços e trabalhar na nossa essência enquanto fisioterapeutas.
Qual a incidência de fraqueza muscular adquirida na UTI na unidade que os senhores trabalham, hoje? Quais estratégias estão adotando? Será que estamos causando impacto? Ficam esses questionamentos para uma reflexão no nosso papel enquanto reabilitador.
Raphael Ali – Fisioterapeuta.

Nenhum comentário:
Postar um comentário