FALÊNCIA BIOENERGÉTICA, UMA REALIDADE NÃO VISTA????
Hoje estou abordando um tópico que vem ocupando muitos espaços nas discussões clínicas diárias, artigos científicos, blogs etc, que é disfunção muscular. Um dos pontos que muito nos incomoda é quando não conseguimos desmamar um paciente do ventilador, sabemos que essa condição aumenta significativamente as complicações na terapia intensiva, estando associada a aumento na incidência de pneumonia associada a ventilação mecânica, lesão pulmonar e muscular. E, além disso, não encontramos uma justificativa plausível para o insucesso do desmame. Porém SEPSIS e falência de múltiplos órgãos não são condições raras na evolução dos pacientes críticos na UTI, geralmente estes quadros estão acompanhados de fraqueza muscular adquirida na UTI. Esta disfunção é um dos pontos que devemos levar em consideração para tentar justificar o insucesso do desmame.
Gosto de acreditar na hipótese de que a falha do desmame, seria justificada por uma falência bioenergética.
Um artigo publicado no ano de 2015 levantou a
hipótese de que a falência bioenergética estaria presente na musculatura
esquelética dos pacientes com insucesso de desmame e fraqueza muscular
adquirida na UTI.
O estudo fez biopsia do vasto lateral dos pacientes
dependente da AVM por mais de duas semanas e com fraqueza
muscular adquirida na UTI (MCR <48).
Os resultados mostraram redução de
aproximadamente 54% (7.6 no grupo ventilado x 13.9 no grupo não ventilado)
na habilidade de síntese do ATP na mitocôndria, por mg de peso muscular, via fosforilação
aeróbica.
Se existe esta disfunção mitocondrial no quadríceps, poderíamos
extrapolar estes resultados para a musculatura respiratória que tem presente
mais fatores de agressão, pois além dos mesmos que estão envolvidos com a
disfunção do quadríceps, some-se a AVM, quando comparado ao quadríceps.
Desta
forma a polineuromiopatia adquirida na UTI é uma fonte de preocupação na
evolução dos pacientes críticos na UTI, não só pensando em musculatura
periférica, mas também em musculatura respiratória.
O que fazer para minimizar
esta possibilidade? Quais as possibilidades terapêuticas que podemos lançar mão
para reduzir a incidência desta condição?
Jiroutkova K et al. Mitochondrial Function in sekeletal muscle of patients with protracted critical illnes and ICU-acquired weakness. 2015;19:448.
MSc. Wildberg Alencar
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