COMO PREVER A PARESIA ADQUIRIDA NA UNIDADE
DE TERAPIA INTENSIVA?
A paresia
adquirida na unidade de terapia intensiva (ICUAP) é definida como uma tetraparesia flácida simétrica e hiporreflexia ou arreflexia com preservação dos nervos cranianos, sendo uma complicação grave no
paciente crítico ventilado mecanicamente, cuja incidência varia substancialmente, dependendo do caso do paciente,
do diagnóstico e do momento da avaliação. A paresia tem sido associada com tempo
prolongado de ventilação mecânica, desmame difícil, aumento de mortalidade, limitações
funcionais e maiores custos.
Um diagnóstico
precoce de ICUAP poderia ajudar a identificar candidatos para início da
reabilitação e minimizar potencialmente as consequências deletérias dessa paresia.
Normalmente, o diagnóstico é feito através de testes de força muscular
voluntária, porém nos pacientes críticos que apresentam alterações da
consciência como delirium ou os que estão sedados não é possível realizar tais testes.
Recentemente, no
estudo de Wieske em 2014, um modelo preditivo incluindo 3 variáveis (o lactato,
o tratamento com aminoglicosídeos dentro dos 2 primeiros dias e a idade) foi
reportado. No entanto, a área sob a curva ROC mostrou discriminação razoável (0,71).
Já no estudo multicêntrico
de Peñuelas em 2016, cujo objetivo foi avaliar preditores para ICUAP e os
resultados de curto prazo associados a esta condição, realizou uma análise
secundária, incluindo 4157 adultos sob ventilação mecânica em 494 unidades de
terapia intensiva de 39 países. Depois da interrupção da sedação, os pacientes
foram rastreados para ICUAP diariamente, o qual foi definido como a presença de
quadriparesia flácida e simétrica associada com reflexos profundos diminuídos
ou ausentes. A regressão logística multinomial foi utilizada para criar um
modelo preditivo para ICUAP e o escore de propensão foi usado para estimar a
relação entre ICUAP e resultados de curto prazo como falha do desmame e
mortalidade na UTI.
No geral, 114
(3%) pacientes apresentavam ICUAP e as variáveis associadas foram duração da
ventilação mecânica, terapia com esteróides, terapia com insulina, sepse,
insuficiência renal aguda e insuficiência hematológica. Coeficientes foram
usados para gerar um sistema de pontuação ponderada de prever ICUAP que foi significativamente
associada com falha do desmame e mortalidade na UTI.
A paresia
adquirida na unidade de terapia intensiva é relativamente incomum, mas é significativamente
associada à falha no desmame e mortalidade na UTI. Foi construído um sistema de
pontuação ponderada, com boa discriminação na curva ROC, para prever ICUAP em pacientes
ventilados mecanicamente no momento do despertar. (Figura 1).
Figura 1: Nomograma
para a predição de paresia adquirida na unidade de terapia intensiva (ICUAP) no
primeiro dia do despertar do paciente. Para obter a previsão da probabilidade
para ICUAP, deve-se localizar os valores do paciente em cada eixo, desenhar uma
linha vertical para cima em relação ao eixo “pontos” para determinar os pontos
das variáveis. Somar os pontos para todas as variáveis e localizar a soma no
eixo dos “total de pontos”. Desenhar uma linha vertical para baixo para o “risco
de paresia adquirida na UTI” para encontrar probabilidade de ICUAP do paciente.
Diante disso, ficam alguns questionamentos:
1- Qual a incidência de paresia adquirida na unidade de terapia intensiva nas nossas UTI’s?
2- Podemos associar o escore de predição de paresia adquirida na UTI ao escore MRC?
3- O que estamos fazendo para minimizar esta condição?
Referências:
Wieske L, Witteveen E, Verhamme C, et al. Early
prediction of intensive care unit acquired weakness using easily available parameters:
a prospective observational study. PLoS One. 2014; 9(10): e111259.
Peñuelas O, Muriel A, Frutos-Vivar F, et al. Prediction and outcome of intensive
care unit-acquired paresis. Journal of Intensive Care Medicine. 2016.
Dra. Karoline Richtrmoc
Fisioterapeuta Intensivista.
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