terça-feira, 31 de maio de 2016

COMO PREVER A PARESIA ADQUIRIDA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA?

COMO PREVER A PARESIA ADQUIRIDA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA?

A paresia adquirida na unidade de terapia intensiva (ICUAP) é definida como uma tetraparesia flácida simétrica e hiporreflexia ou arreflexia com preservação dos nervos cranianos, sendo uma complicação grave no paciente crítico ventilado mecanicamente, cuja incidência varia substancialmente, dependendo do caso do paciente, do diagnóstico e do momento da avaliação. A paresia tem sido associada com tempo prolongado de ventilação mecânica, desmame difícil, aumento de mortalidade, limitações funcionais e maiores custos.
Um diagnóstico precoce de ICUAP poderia ajudar a identificar candidatos para início da reabilitação e minimizar potencialmente as consequências deletérias dessa paresia. Normalmente, o diagnóstico é feito através de testes de força muscular voluntária, porém nos pacientes críticos que apresentam alterações da consciência como delirium ou os que estão sedados não é possível realizar tais testes.
Recentemente, no estudo de Wieske em 2014, um modelo preditivo incluindo 3 variáveis ​​(o lactato, o tratamento com aminoglicosídeos dentro dos 2 primeiros dias e a idade) foi reportado. No entanto, a área sob a curva ROC mostrou discriminação razoável (0,71).
Já no estudo multicêntrico de Peñuelas em 2016, cujo objetivo foi avaliar preditores para ICUAP e os resultados de curto prazo associados a esta condição, realizou uma análise secundária, incluindo 4157 adultos sob ventilação mecânica em 494 unidades de terapia intensiva de 39 países. Depois da interrupção da sedação, os pacientes foram rastreados para ICUAP diariamente, o qual foi definido como a presença de quadriparesia flácida e simétrica associada com reflexos profundos diminuídos ou ausentes. A regressão logística multinomial foi utilizada para criar um modelo preditivo para ICUAP e o escore de propensão foi usado para estimar a relação entre ICUAP e resultados de curto prazo como falha do desmame e mortalidade na UTI.
No geral, 114 (3%) pacientes apresentavam ICUAP e as variáveis associadas foram duração da ventilação mecânica, terapia com esteróides, terapia com insulina, sepse, insuficiência renal aguda e insuficiência hematológica. Coeficientes foram usados para gerar um sistema de pontuação ponderada de prever ICUAP que foi significativamente associada com falha do desmame e mortalidade na UTI.
A paresia adquirida na unidade de terapia intensiva é relativamente incomum, mas é significativamente associada à falha no desmame e mortalidade na UTI. Foi construído um sistema de pontuação ponderada, com boa discriminação na curva ROC, para prever ICUAP em pacientes ventilados mecanicamente no momento do despertar. (Figura 1).


Figura 1: Nomograma para a predição de paresia adquirida na unidade de terapia intensiva (ICUAP) no primeiro dia do despertar do paciente. Para obter a previsão da probabilidade para ICUAP, deve-se localizar os valores do paciente em cada eixo, desenhar uma linha vertical para cima em relação ao eixo “pontos” para determinar os pontos das variáveis. Somar os pontos para todas as variáveis e localizar a soma no eixo dos “total de pontos”. Desenhar uma linha vertical para baixo para o “risco de paresia adquirida na UTI” para encontrar probabilidade de ICUAP do paciente.

Diante disso, ficam alguns questionamentos:
1-     Qual a incidência de paresia adquirida na unidade de terapia intensiva nas nossas UTI’s?
2-     Podemos associar o escore de predição de paresia adquirida na UTI ao escore MRC?
3-     O que estamos fazendo para minimizar esta condição?


Referências:

Wieske L, Witteveen E, Verhamme C, et al. Early prediction of intensive care unit acquired weakness using easily available parameters: a prospective observational study. PLoS One. 2014; 9(10): e111259.

Peñuelas O, Muriel A, Frutos-Vivar F, et al. Prediction and outcome of intensive care unit-acquired paresis. Journal of Intensive Care Medicine. 2016.


Dra. Karoline Richtrmoc
Fisioterapeuta Intensivista.

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