QUAL O MOTIVO DAS NOSSAS TÉCNICAS NÃO FUNCIONAREM?
Sabemos que o paciente crítico internado na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) apresenta maior probabilidade de desenvolver
complicações, até mesmo por conta da conduta terapêutica utilizada para
recuperá-los, como por exemplo, a ventilação mecânica, dentre estas
complicações uma das mais presentes é a disfunção muscular, tanto periférica
quanto respiratória, levando a maior tempo de internamento e dificuldade de
desmame da assistência ventilatória mecânica. Já é bem definida pela literatura
a disfunção muscular induzida pelo ventilador (VIDI), estando a mesma associada
ao tempo de ventilação mecânica e modo ventilatório utilizado, como já
discutido em postagens anteriores aqui na página, outros fatores tais como:
desnutrição e uso de corticóide, podem agravar o processo de disfunção
muscular. A fraqueza diafragmática é um dos pontos chaves para dificultar e
algumas vezes impedir o processo de desmame do ventilador. Desta forma o
impedimento desta condição, de fraqueza muscular, ou a reversibilidade da
mesma, é um importante ponto norteador da conduta fisioterapêutica empregada
para estes pacientes. O treinamento muscular respiratório específico (TMR) foi
por algum tempo bastante questionado quanto a melhora da força muscular ou
mesmo participação positiva no processo de desmame ventilatório, ainda existe
algumas controvérsias a respeito do impacto do TMR no tempo de desmame, porém
recentemente uma revisão
sistemática mostrou benefícios clínicos do TMR no desmame da ventilação mecânica, incluindo redução no período de desmame, redução do risco de falha no desmame e redução do tempo de internação na UTI e, hospitalar. Em algumas discussões nos deparamos com opiniões contrárias ao TMR relatando que na prática clínica não conseguem o resultado almejado. Qual a realidade destes relatos? São consistentes? Existe fundamento?
sistemática mostrou benefícios clínicos do TMR no desmame da ventilação mecânica, incluindo redução no período de desmame, redução do risco de falha no desmame e redução do tempo de internação na UTI e, hospitalar. Em algumas discussões nos deparamos com opiniões contrárias ao TMR relatando que na prática clínica não conseguem o resultado almejado. Qual a realidade destes relatos? São consistentes? Existe fundamento?
Então, lendo um artigo, publicado recentemente em
2015, achei muito interessante os questionamentos que o mesmo fez, os quais, eu
julguei bem plausíveis:
1. Comumentemente como é realizado o TMR?
2. Qual paciente recebe é eleito para o TMR?
3. Qual, ou quais métodos são utilizados?
4. A PImáx é avaliada para determinar a necessidade de TMR?
A metodologia do foi através de questionário respondido por fisioterapeutas intensivistas
na França. Para análise, as respostas foram estratificadas de acordo com idade,
experiência em UTI, tipo de UTI e paciente.
Os resultados mostraram o seguinte:
1. Quanto
ao uso da técnica as respostas foram:
a. 64%
falta de conhecimento da técnica em pacientes ventilados;
b. 39%
falta de recursos humanos;
c. 33%
falta de material;
d. 20%
falta de literatura;
e. 12%
desconhecer os benefícios e
f. 17% outras respostas.
f. 17% outras respostas.
2. Quanto
ao uso do TMR responderam o seguinte:
a. 35% nos pacientes que falharam no desmame;
a. 35% nos pacientes que falharam no desmame;
b. 35% usam sistematicamente;
c. 33%
usam em alguns pacientes específicos;
d. 5%
usam em pacientes com PImáx > - 20 cmH2O.
a. 83%
Controle da respiração diafragmatica;
b. 59%
inspiração profunda;
c. 41%
inspirometria de incentivo;
d. 33%
ajuste da sensibilidade do ventilador;
e. 5%
uso do "threshold";
f. 1%
hiperpneia voluntária isocápnica.
4. Quanto
ao uso da PImáx para determinar treinamenro:
a. 16%
responderam.
Em conclusão: apenas 17% das
respostas foram satisfatórias, é mais comum o uso da técnica entre os profissionais
com 1 a 10 anos de experiência.
Podemos extrapolar estes
resultados para a nossa realidade? Talvez sim e, por isso temos respostas
de que a técnica não funciona, ou seja, passa mais por desconhecimento da forma
correta de utilização da técnica, que por não efetividade.
Os resultados mostram que
mesmo entre os profissionais que relataram utilizar o TMR, a maioria não
utiliza uma técnica que realmente imponha alguma carga suficiente para treinar
e, outra parte destes profissionais, faz treinamento de forma sistemática, o
que não é o correto.
Devemos estar extremamente
cientes que conduta terapêutica “não é chá, que todo mundo pode tomar a
qualquer hora”, obrigatoriamente a mesma tem que ser norteada por um
diagnóstico fisioterapêutico específico.
Estes resultados mais uma vez, nos alertam
para a necessidade de sermos criteriosos nas indicações das nossas condutas
terapêuticas, caso contrário corremos o risco de descrédito das mesmas e da profissão,
por falta de conhecimento científico!!!!
Bonnevie T et al. Inspiratory muscle
training is used in some intensive care units, but many training methods have
efficacy: a survey of French physiotherapists. Jornal of Physiotherapy.
2015;61:204-209.
MSc. Wildberg Alencar
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