terça-feira, 8 de março de 2016

Síndrome do desconforto respiratório Agudo, Epidemiologia, Padrões de Cuidados e Mortalidade em UTIs de 50 países.


Síndrome do desconforto respiratório Agudo, Epidemiologia, Padrões de Cuidados e Mortalidade em UTIs de 50 países. 


Um trabalho recente publicado na JAMA abordou o perfil epidemiológico, padrões de cuidados e Mortalidade internacionalmente em Síndrome do desconforto Respiratório Agudo (SDRA). O que estimulou esse grupo foi a deficiência no conhecimento em relação as incidências, estratégias ventilatórias , terapêuticas adicionais e mortalidade principalmente após as definições do consenso de Berlim. Onde realizaram um estudo de coorte prospectivo, realizado durante 4 semanas consecutivas , no inverno de 2014, com amostra de 459 UTIs de 50 países dos 5 continentes. O desfecho primário foi a incidência de SDRA em UTI, os desfechos secundários incluíram o reconhecimento clinico da SDRA, aplicação da ventilação mecânica, uso de intervenções farmacológicas e adicionais na pratica clinica rotineira. 
Foram admitidos 29.144 pacientes dos quais 3.022 (10,4%) preencheram os critérios para SDRA de acordo com o consenso de Berlim. Destes 2.377 doentes desenvolveram SDRA nas primeiras 48 horas, SDRA leve esteve presentes em 30% , SDRA moderada em 46,6% e SDRA grave em 23,4%. Representou uma incidência de 0,42 casos por leito de UTI, com maiores incidências na Europa e Oceania. O reconhecimento clinico variou em 51,3% em SDRA leves e 78,5% em SDRA grave. Em relação às estratégias ventilatórias pouco mais de 30% dos pacientes receberam volume correntes ≤ 8 ml-Kg predito, apenas 40,1% tiveram a pressão de platô mensurada, mesmo assim os pacientes com driving pressure > 14 cmH2O tiveram piores desfechos, enquanto que 82,6% receberam uma PEEP ≤ 12 cmH2O. A posição prona foi utilizada em 16,3 % dos pacientes com SDRA grave. Quanto maior foi a gravidade da SDRA, maior foi o reconhecimento clinico,maior utilização de PEEP elevadas, mais uso de Bloqueadores neuromusculares e posição prona. O Desfecho final mortalidade foi de 34,9% em SDRA leve, 40,3% em SDRA moderada e 46,1% em SDRA grave. 
Em se tratando de um estudo de grande proporção pode haver algumas variações em relação aos casos de SDRA realmente definido. Porém nos alerta para diversos questionamentos. A baixa taxa no diagnostico e reconhecimento da SDRA provavelmente está bastante relacionada com o desfecho final, aliado a isso nos remete a pensar que mesmo diante do crescimento cientifico e tecnológico ainda é pouquíssimo conhecido e utilizado intervenções que já mostraram resultados favoráveis, como ventilação protetora, posição prona e intervenções com custo mais elevados como ECMO. Precisamos utilizar cada vez mais as ferramentas que nos permitem tanto diagnósticos precoces como terapêuticas eficazes com desfechos diferentes dos conhecidos ate o momento. O que estamos fazendo para mudar esse cenário? Nas UTIs que trabalhamos temos desfechos diferentes? O que está faltando? Pra discutir... Bellani G, Laffey JG, Pham T, et al. Epidemiology, Patterns of Care, and Mortality for Patients With Acute Respiratory Distress Syndrome in Intensive Care Units in 50 Countries. JAMA. 2016;315(8):788-800. Fisioterapeuta Raphael Ali.

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